Fórum da Soja busca soluções para crise climática em novo cenário mundial

Principais representantes do agronegócio debateram o futuro do mercado da principal cultura do estado

A 35ª edição do Fórum Nacional da Soja, realizada no segundo dia da Expodireto Cotrijal, reuniu participantes de todo o Brasil para debater o futuro do mercado diante do novo cenário mundial. Além das guerras, o retorno de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e a ascensão da China como grande parceiro comercial, bem como a realidade local de um estado que vem de quatro anos de seca e um de enchente.

O presidente da Expodireto Cotrijal, Nei César Manica, admitiu o momento político e comercial bastante conturbado, que impacta na rentabilidade dos produtores, mas afirmou que os gaúchos estão acostumados com tais enfrentamentos e que sempre apresentam contribuições em produção e riqueza material. Ele ressaltou que o governo brasileiro deve investir mais na agricultura que ela com certeza dará resultado, assim como vem dando na arrecadação de tributos.

A Fecoagro/RS (Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul), co-organizadora do evento junto com a Cotrijal, através de seu presidente, Paulo Pires, enfatizou a relevância do fórum e da Expodireto para o agronegócio gaúcho. “Nós temos muitos desafios e precisamos de uma política pública favorável à agricultura do Rio Grande do Sul”, ressalta Paulo Pires.

Já Caio Vianna, presidente da CCGL, apontou o Fórum da Soja como um espaço para encontrar soluções para os desafios atuais do setor. “Este fórum é um polo, um momento para convergir as ideias e encontrarmos caminhos”, destaca. Nesse sentido, o presidente do Sistema Ocergs, Darci Hartmann, ressalta o papel do cooperativismo na superação de adversidades. “Nós temos um novo momento econômico e nós só vamos conseguir nos estruturar através da informação, do conhecimento e, acima de tudo, da ação, para que nós possamos fazer a mudança. Eu tenho certeza de que o cooperativismo vai emergir cada vez mais forte e mais pujante em cima dessas dificuldades”, avaliou.

China

A China, antes considerado um país com produção de qualidade duvidosa, passou de 1981 para 2013, para uma potência mundial em inovação. De 2011 a 2020, 817 milhões de pessoas saíram da situação de extrema miséria, tornando-se também consumidores dependentes de importações. Transformou-se no principal parceiro comercial do Brasil, e desde 2009, recebe a maior parte da soja produzida pelo país, tendo um papel importante na definição de preços e na economia brasileira.

“A China tem cerca de 20% da população mundial e menos de 10% da terra arável do mundo. Então ela não tem terra para seus plantios e para alimentar o povo, ela é completamente dependente das importações e o Brasil é quem mais exporta para a China. Isso acaba gerando uma codependência, mais da metade de toda a soja exportada pelo Brasil vai para a China. Então é fundamental para quem trabalha com isso entender a China e os chineses”, ressalta o investidor Ricardo Geromel, palestrante do Fórum da Soja.

Considerando esses fatores, a expectativa é de que essa parceria se mantenha e até se intensifique ao longo dos próximos anos, com a China assumindo um papel cada vez maior na geopolítica mundial, que está em plena transformação. Desde 2020, o país é o maior parceiro comercial de grande parte das nações do mundo.

Mercado

A produção mundial de soja segue superando a demanda pelo grão, o que vem pressionando as cotações da commodity no mercado internacional. Apesar de outros fatores impactarem na formação de preço do grão no mercado brasileiro, a expectativa é de que as cotações se mantenham estáveis. “Os preços estão mais baixos e não existe uma perspectiva de mudança em termos de preços internacionais”, explica o sócio-diretor da Agroconsult, André Debastiani, também presente.

No Rio Grande do Sul, esse cenário é agravado pela frustração de safra em função da estiagem, que contrasta com os resultados positivos no restante do país. “A gente precisa de uma solução que parta do Estado, ajudando nas negociações, contribuindo para trazer taxas de juros mais atrativas para o produtor e com medidas estruturantes, seja o investimento em irrigação ou em solos, para que o produtor consiga passar por esse momento e, quiçá, nas próximas safras alcançar produtividades elevadas”, avalia Debastiani.

Essas produtividades elevadas podem garantir maior tranquilidade aos produtores em momentos desfavoráveis de mercado. “O que a gente tem que pensar em termos de produtor é conseguir produzir mais, porque, sem dúvida alguma, é a melhor medida de garantia para o produtor passar por momentos difíceis como esse”, enfatiza Debastiani.


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