Investimento em tecnologia ajuda a melhorar produção
O Fórum do Leite chegou a 20ª edição na Expodireto Cotrijal 2025 com foco na gestão ambiental. Na abertura do evento o presidente da feira Nei César Manica, destacou os avanços. “A cada ano vemos a evolução da atividade com profissionalização baseada na tecnologia entendendo que sustentabilidade é muito importante para maior eficiência”, ressalta.
O setor leiteiro emprega R$ 28 milhões de pessoas com geração de valor superior a 20% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. No entanto, o Rio Grande do Sul vem perdendo espaço: entre os estados brasileiros ocupa o quarto lugar na produção. O presidente da CCGL, Caio Vianna, explicou que o desenvolvimento do setor passa também pela remuneração justa do leite. “A atividade depende da rentabilidade do produtor para que ele possa investir e evoluir”.
Pegada de carbono
A primeira palestra do evento abordou “A pegada de carbono na pecuária de leite”. O palestrante, Dr. Gustavo Ribeiro, professor da Universidade de Copenhagen (Dinamarca) explicou que a alta pegada de carbono faz com que haja maior desequilíbrio na gestão do rebanho. A média, exige um ajuste nutricional e a alta, impacta da produção até a qualidade do leite. “A fazenda lucrativa e resiliente, com pessoas e animais felizes produz mais leite, preserva, é equilibrada e biodiversa. Investir em uma fazenda sustentável traz benefícios a longo prazo”.
“A Visão geral do mercado de carbono na Europa” foi o tema da palestra da Dra. Maria Rei, gerente de Marketing da Cargil. Ela explicou que todos os grandes laticínios já têm metas para reduzir os impactos ambientes e que essa é uma exigência do mercado. No entanto, da porteira para dentro a situação é diferente: 95% da pegada de carbono está na produção. “Empresas puxam a fila até na frente dos consumidores e produtores são vistos como vilões. Na Europa a alternativa tem sido apostar na regulamentação de leis e normas de acordo internacionais, como por exemplo o Acordo de Paris, e em leis nacionais como na Holanda e Dinamarca com normas para certificação”.
Valter Galan, Engenheiro Agrônomo e Diretor da MilkPoint Ventures de Piracicaba/SP, explicou no painel “Conjuntura da cadeia láctea no Sul com foco em sólidos”, que apesar da tradição o número de produtores de leite no Rio Grande do Sul tem caído. Para ele, o desafio nesse contexto, é alcançar maior competitividade no campo com redução no custo de produção e a gestão das propriedades.
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O que é pegada de carbono?
Na ponta do lápis é uma conta que mede a quantidade de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), emitidos por atividade. Na cadeia leiteira, para reduzir essa emissão são necessárias mudanças desde o manejo de sistemas de produção de leite a pasto, por meio da intensificação da utilização de forragem e uso de raças e cruzamentos de animais mais especializados.
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Vale a pena robotizar a produção de leite?
Tudo começou numa Expodireto. O grupo familiar de José Romeo Kraemer, proprietário da Agropecuária Kraemer, localizada na Linha Mantiqueira, Não-Me-Toque, (RS), teve o primeiro contato com as empresas para robotizar o trabalho na fazenda leiteira. Buscaram informações e conhecimento e na volta para casa não desistiram da ideia. “Fizemos um estudo de viabilidade econômica e vimos que era viável, por tudo o que nós já havíamos feito nas etapas anteriores, a construção do galpão Compost Barn e um plantel com boa genética e com número de vacas e com novilhas para reposição”. Kraemer explica que com a nova tecnologia da ordenha robótica, melhorou muito o manejo dos animais, aliviou a mão de obra, além de outros benefícios que um robô proporciona. “É uma tecnologia que encanta. Agora vem os ajustes no plantel, na dieta e das pessoas envolvidas que continuam buscando mais conhecimentos e novas tecnologias que podem ser agregadas no sistema, sempre buscando melhorias e mais satisfação”.
A propriedade da família tem 30 hectares e a pecuária de leite é a principal atividade com um plantel em média de 70 vacas no sistema de Compost Barn, com uma média de 62 animais em lactação e de 35 litros vaca/dia. Eles também utilizam outras tecnologias como botijão de sêmen, a inseminação artificial e avaliação das vacas e novilhas receptoras por genoma.
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Compost Barn
O Compost Barn é um espaço coberto para os animais onde dejetos orgânicos ficam misturados ao solo e essa mistura gera o processo de compostagem em camadas mais profundas. O sistema possibilita a interação da produtividade com o meio ambiente.
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