Fórum da Carne se consolida como evento Na Expodireto 2025

Aumento da demanda por alimentos pede preparo para quem produz proteína animal

Com o Auditório da Produção lotado, o 3º Fórum da Carne se consolida como um dos principais assuntos do setor agropecuário e como evento fundamental no cronograma da Expodireto Cotrijal. Já na abertura, os organizadores pleitearam que as próximas edições ocorram no Auditório Central e receberam, do presidente Nei César Manica, um sinal positivo. “Há três anos quando foi proposto esse Fórum ainda não tínhamos certeza do interesse, mas agora ele se consolida com as discussões sobre mercado e oportunidades para os produtores”.

Na palestra de abertura “Tendências e o futuro do mercado da carne bovina” o engenheiro agrônomo Roberto Barcellos sentencia: “Em 2050 o mundo vai precisar produzir 40% mais alimentos e a demanda por proteína animal vai aumentar 2% ao ano até lá. Para produzir mais será preciso investir em tecnologia”. Ele explica que o Brasil é o segundo país maior produtor de carne bovina do mundo ficando, no entanto, muito atrás dos Estados Unidos, o primeiro colocado. A evolução, segundo ele, depende do investimento em tecnologia genética, nutrição, sanidade e manejo. Além disso, é preciso buscar profissionais de gestão para análise da produção e para direcionar investimentos. “Nos próximos 20 anos metade das fazendas vão deixar a pecuária por baixa produtividade. Fazer pecuária com baixa tecnologia é uma maneira de empobrecer sorrindo”, adverte.

O médico veterinário e gerente técnico regional de pecuária de corte, da Tortuga, Eduardo de Avila Madruga, ressaltou que as mesmas técnicas aplicadas à agricultura de precisão podem ser usadas na pecuária. O projeto Lavoura de Carne otimiza os potenciais forrageiros existentes ou implantados, buscando obter altas lotações e mais produtividade por hectare, potencializando os desempenhos individuais e da área, levando a uma maior lucratividade e maior margem da pecuária e do sistema. Já implantado em Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso a proposta trabalha com até cinco vezes a lotação das áreas pecuárias no Brasil com produtividade até 30 vezes maior. “É produtivo, lucrativo e sustentável e pode ser implantado com toda certeza no Rio Grande do Sul”, garante. Avila ministrou a palestra “Lavoura de carne, recria e terminação eficiente e lucrativa”.

Lygia Pimentel, médica veterinária, economista e sócia-fundadora da Agrifatto analisou as “Perspectivas e oportunidades para a pecuária de corte”. Ela explicou que a pecuária se tornou uma atividade arriscada devido a volatilidade do mercado com variações bruscas no valor do boi gordo. Segundo ela, para se firmar, o produtor precisa ter uma gestão profissional com uso de tecnologia para transformar a fazenda em uma empresa, com análises de dados econômicos, de mercado e planejar o futuro.

A especialista apresentou as tendências e oportunidades a longo, médio e curto prazo. Num primeiro momento, a tendência de acordo com a análise é de boas oportunidades de venda considerando que o bezerro subiu 11% e boi 35%. A médio prazo, ela recomenda cuidado, porque o mercado pode se tornar escorregadio e com oscilações. Num período mais distante, a expectativa é de preço em alta, com maior pressão ambiental, social e econômica exigindo investimento em marketing, mas também com maior demanda de alimentos sobretudo no Oriente. “Aprenda a vender enquanto pode, não quando precisa. A comprar também”, aconselha.

Integração lavoura e pecuária

Na plateia, Douglas Rietjens, proprietário da Agropecuária Ribeirão, de Chapada, no Rio Grande do Sul acompanhou atento as dicas dos especialistas. Na propriedade de 1,8 mil hectares a família aposta na integração entre pecuária e produção de grãos. De fevereiro a abril adquirem os terneiros que ficam na pastagem de inverno até setembro quando entram em confinamento. O abate acontece de novembro a dezembro quando também compram novos lotes já recriados. “Trabalhamos com milho e soja e a ideia era verticalizar e agregar valor ao produto. A produtividade é bem satisfatória: requer atenção e carinho no trabalho, mas dá certo”.


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