Resiliência do produtor passa pelo investimento em pesquisa e equipamentos
Nas rodas de conversas e debates na Expodireto 2025 o assunto foi recorrente: será que o ano será chuvoso? Teremos enchente ou a seca vai continuar a castigar os gaúchos? Por isso o Fórum “Clima, Mercado & Tecnologia: O essencial do agro em um só lugar” teve participação de audiência atenta. O presidente da Expodireto Cotrijal Nei César Manica lembrou que no ano do cooperativismo instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) a responsabilidade de discutir o agronegócio é ainda mais evidente. “É preciso debate em cima de tecnologia para amenizar as intempéries do clima”.
As estimativas da colheita de soja foram revisadas e agora, para melhorar o cenário preocupante, produtores contam com a guerra econômica entre Estados Unidos e China. Se chineses pararem de comprar grãos norte-americanos, o Brasil pode se beneficiar com preços. Mesmo assim, o consenso é de que a produção não pode ficar refém das condições do tempo. “O principal motivo das revisões foi o quadro climático e as perdas são de mais de dois milhões de toneladas devido ao clima seco e quente”, explica o analista de Safras & Mercado, Rafael Silveira.
No mesmo painel “Perspectivas de produção e Mercado”, o meteorologista Luiz Renato Lazinski, referência para os produtores rurais quando o assunto é previsão do tempo no campo, numa retrospectiva, destacou que os fenômenos El Niño e La Niña foram os responsáveis pelos períodos prejudiciais à atividade no campo nos últimos anos. Para ele, com a possibilidade de novas condições meteorológicas extremas, é preciso preparo e investimento para evitar prejuízos. Já o líder de negócios da Bayer, Fábio Passos, ressaltou que é preciso avançar no uso de tecnologia e melhorar processos para desenvolver sementes com nova genética e antever pragas. “O Brasil tem 20 anos de biotecnologia e é uma das potências que mais produz soja no mundo. É preciso adaptar esses componentes para moldar a genética as variedades de cada região do país”.
Quando o tema é tecnologia no campo pensar na aviação agrícola é fundamental. A frota de aeronaves para esses fins no Brasil chegou a 2,722 mil em 2025, um crescimento de 7,21% em relação ao ano anterior, de acordo com o Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola). O diretor-executivo da entidade, Gabriel Colle, destacou que outra novidade é o uso de drones autônomos, avanço importante para o desenvolvimento do setor já que podem operar sem piloto e com pulverização noturna. “Esse equipamento significa mudanças significativas para o setor nos próximos anos”, afirma.
Das novidades esperadas na aviação agrícola, chega ao Brasil, o modelo Pyka, o primeiro avião 100% elétrico não-tripulado a voar pelas lavouras do país. “A expectativa é de que pelo menos cem dessas aeronaves estejam voando por aqui nos próximos anos”, disse Mateus Dallacqua, diretor de vendas e inovação da Synerjet. Entre as vantagens estão a redução da deriva já que regula gota conforme as condições de leitura como a umidade por exemplo, a capacidade ampliada de carga e a redução do uso de etanol.
Além das previsões e do uso de tecnologia, ficou evidente no Fórum a necessidade de investimento em pesquisa. Em 2010, na Expodireto, a Agroefetiva apresentou o primeiro simulador de deriva. Nos anos seguintes, outros simuladores de gotas foram mostrados aos agricultores. O sistema auxilia no controle do uso de agrotóxicos, evitando danos e desperdícios. O engenheiro agrônomo e doutor em Avaliação de Deriva em Aplicações Aéreas, explicou que em 2025 a empresa líder em desenvolvimento de soluções agrícolas inovadoras, apresentou o primeiro túnel de vento de alta velocidade da América do Sul. A iniciativa permite a análise de equipamentos para melhor aplicar defensivos. “A inovação abrirá novas possibilidades para pesquisas sobre pulverizações aéreas e aumentará significativamente a segurança e eficácia desses procedimentos no Brasil”.